No dia 8 de agosto de 1969, às 11h30 da manhã, os músicos dos Beatles cruzaram seis vezes a faixa de pedestres da Abbey Road para tirar a fotografia que seria a capa do novo disco. A sessão durou não mais que 15 minutos. O lugar escolhido não passou de uma casualidade, na verdade se tratava de algo circunstancial: estava justo em frente ao estúdio em que gravavam.

Mas a paisagem, habitual em qualquer cidade do mundo, ganhou status de culto e a faixa de pedestres se tornou um patrimônio histórico de Londres em 2010. Reconhecimento em forma de exceção.

Não há nenhuma estrutura construída, não há nenhuma escultura arquitetônica. É um monumento informacional, um monumento à imagem técnica que evoca. Reviver aquela imagem que é reproduzida em massa, performar a cultura midiática do século XX, espetacularizar ainda mais o espetáculo através das redes sociais é o que a faz merecer tal distinção.

Durante um mês, às 11h30 da manhã, através da câmara de segurança que vigia/adorna o dito entroncamento, a artista fez uma captura de tela do seu computador que está há 2 mil km de distância , observando o que acontecia no lugar da icônica foto.

Abbey Road is not a road espia o que passa quando uma rua deixa de ser uma rua e uma fotografia expande seu potencial máximo de imitação e mercantilização. O que vemos é que , enfim, o espaço público materializa os conceitos intrínsecos da imagem técnica.