posers


série fotográfica
3 daguerreótipos, 4 x 5 pol.

2019









Reproduzir no meu próprio corpo os gestos popularizados pelos smartphones (utilizando um exoesqueleto narcisista, inspirado nos dispositivos utilizados no século XIX), obrigando-me a permanecer imóvel durante vários minutos enquanto mantenho poses que normalmente respondem à instantaneidade da tecnologia dos dispositivos de hoje.



“A fotografia transformava o sujeito em objeto, e até mesmo, se é possível falar assim, em objeto de museu: para fazer os primeiros retratos era preciso submeter o sujeito a longas poses atrás de uma vidraça em pleno sol; tornar-se objeto, isso fazia sofrer como uma operação cirúrgica; inventou-se então um aparelho, um apoio para a cabeça, espécie de prótese, invisível para a ojetiva, que sustentava e mantinha o corpo em sua passagem para a imobilidade: esse apoio para a cabeça era o soco da estátua que eu ia tornar-me, o espartilho de minha essência imaginária.”

Roland Barthes, A câmara clara.